MP pede manutenção de cassação de vereador acusado de compra de votos com óculos espião no Pará
28/06/2025
(Foto: Reprodução) Esquema envolvia os três filhos do político e foi descoberto no dia da eleição. MP pede manutenção de cassação de vereador acusado de compra de votos com óculos espião no Pará
MPE
O Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral) pediu que o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE-PA) mantenha a decisão que cassou o mandato do vereador eleito de Ourilândia do Norte, Edivaldo Borges Gomes, e o declarou inelegível por oito anos. A sentença de primeira instância, proferida em abril, apontou a existência de um esquema de compra de votos nas eleições de 2024, com uso de tecnologia para comprovar o voto vendido, como óculos com câmera oculta.
O parecer foi apresentado no último dia 17 pelo procurador regional eleitoral Alan Rogério Mansur Silva e se posiciona contra o recurso apresentado por Edivaldo Gomes e seus três filhos, também condenados à inelegibilidade por participação na fraude. Segundo as investigações, os filhos atuavam como intermediários no aliciamento de eleitores.
O caso agora está sob análise do TRE do Pará, que irá decidir se mantém ou reverte a cassação.
Esquema usava tecnologia para garantir votos
De acordo com a ação, eleitores recebiam R$ 200 para votar no candidato e os arregimentadores ganhavam R$ 100 por voto confirmado. Para assegurar o cumprimento do acordo, o grupo orientava o uso de óculos espião ou até dois celulares dentro da cabine. Também eram distribuídos "santinhos" com códigos únicos para evitar duplicidade de votos e liberar o pagamento apenas após a confirmação da gravação.
Fraude foi descoberta no dia da eleição
O esquema foi descoberto no dia da eleição, em 6 de outubro de 2024, quando uma mesária desconfiou do uso de óculos incomuns por eleitores. Ao abordar uma votante, encontrou uma microcâmera escondida na armação e acionou as autoridades. O flagrante levou à apreensão de equipamentos, dinheiro em espécie e materiais de campanha.
Justiça considerou provas "robustas"
Na sentença, o juiz eleitoral Ramiro Almeida Gomes classificou as provas como “robustas e inequívocas”, incluindo vídeos, depoimentos e documentos. Além da cassação e da inelegibilidade, foi aplicada multa de R$ 53,2 mil ao vereador.
Defesa alega falta de provas diretas
A defesa de Edivaldo Gomes argumenta que a condenação foi baseada em indícios frágeis e sem prova direta da participação do vereador. No entanto, o Ministério Público afirma que há evidências coesas e convergentes, destacando que a atuação dos filhos e a ausência de repúdio do candidato confirmam seu envolvimento no esquema.
VÍDEOS com as principais notícias do Pará