Funcionários de evento no Autódromo de Interlagos são ouvidos pela polícia após morte de empresário encontrado em buraco
09/06/2025
(Foto: Reprodução) Ainda segundo a investigação, não houve movimentação financeira durante o desaparecimento. Corpo de Adalberto foi encontrado com a carteira (com R$ 300) e o celular. Polícia colhe novos depoimentos sobre morte de empresário em Interlagos
Três pessoas que trabalharam no festival de motos realizado no Autódromo de Interlagos em 30 de maio prestaram depoimento na tarde desta segunda-feira (9) a respeito do caso do empresário Adalberto Amarilio Junior, que foi encontrado morto dentro de um buraco de obra do autódromo após deixar o evento.
As testemunhas foram ouvidas por cerca de três horas. Estavam acompanhadas de dois advogados e não falaram com a imprensa. A polícia afirma que a empresa organizadora do evento está colaborando com as investigações, fornecendo informações e listas de funcionários.
Uma perícia feita no celular de Adalberto mostrou a última vez em que ele conversou com a esposa. Segundo a polícia, ele disse, às 19h48, que iria embora. A mulher respondeu às 21h12, mas a mensagem não chegou ao destino — o que indica que o celular já estava desligado. Para os investigadores, foi nesse intervalo de tempo que empresário desapareceu ou foi morto.
Ainda segundo a investigação, não houve movimentação financeira durante o desaparecimento. O corpo de Adalberto foi encontrado com o celular e a carteira -- nela havia R$ 300.
A última movimentação registrada em sua conta ocorreu por volta das 20h30 daquela sexta-feira, com pequenos gastos no valor de R$ 34, sugerindo a possível compra de bebidas dentro do festival. De acordo com a esposa de Adalberto, ele possúia R$ 1 milhão em uma conta corporativa, referente às óticas que ele administrava, e não houve movimentação nesta conta.
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O corpo foi localizado em 3 de junho, quatro dias após o desaparecimento. No sábado (7), a Polícia Civil de São Paulo encontrou marcas de sangue no carro do empresário. O veículo passou por uma nova perícia nesta semana e, segundo os peritos do Instituto de Criminalística, foi detectada uma quantidade considerável de sangue em pelo menos quatro pontos do automóvel.
Manchas de sangue encontradas no carro de empresário.
Reprodução
As manchas estavam ao lado da porta, no assoalho traseiro, atrás do banco do passageiro e também no banco de trás. Testes iniciais apontaram que o sangue é humano, mas ainda não se sabe a quem pertence. A polícia solicitou um exame de confronto genético para saber se o material biológico é de Adalberto.
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Desaparecimento
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Câmeras de segurança mostram o empresário chegando sozinho ao festival, por volta de 12h30. Adalberto vestia boné, camiseta preta, calça jeans e tênis. À noite, ele se encontrou com um amigo e, por volta das 20h30, enviou uma última mensagem para a esposa. Depois disso, não foi mais visto.
Em depoimento à polícia, um amigo de Adalberto disse que o empresário consumiu maconha e oito copos de cerveja durante o evento em que estiveram juntos. E, que, ao se despedirem, Adalberto disse que voltaria ao carro. No entanto, não há imagens do empresário se deslocando até o estacionamento.
O corpo foi encontrado a cerca de 200 metros do local, em uma área em obras dentro do autódromo. Estava em um buraco, sem calça e descalço. As peças ainda não foram localizadas.
Exames realizados pelo Instituto Médico Legal (IML) não identificaram sangue, fraturas ou sinais de trauma no corpo do empresário.
De acordo com Ricardo Lopes Ortega, diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Técnica-Científica de São Paulo, o empresário pode ter sofrido compressão torácica e asfixia.
Em relação à morte de Adalberto, a polícia trabalha com a hipótese de ato criminoso. "Ele foi posto ali [no buraco] desacordado", disse Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios da Polícia Civil de SP.
Corpo de empresário foi encontrado em buraco no Autódromo de Interlagos.
Reprodução
"Ele foi encontrado dentro de uma escavação de engenharia, a uma profundidade de três metros por um diâmetro de aproximadamente 80 centímetros. Foram empregadas todas as tecnologias que a gente tem. Foi usado drone, scanner 3D, que é um processo que a gente imortaliza tridimensionalmente a cena do crime", explicou.
O diretor técnico divisionário do Centro de Perícias do Instituto Médico Legal (IML), Giovanni Chiarelo, também disse à TV Globo que o corpo do empresário não tinha sinais de violência nem fraturas, segundo o exame necroscópico.
"Foram realizados exames de imagem e de raio-x para verificar se existia algum tipo de fratura. A partir disso, a gente iniciou o exame necroscópico, mas até o momento nós não encontramos nada que pudesse dar causa à morte de Adalberto", explicou Chiarelo.
O IML ainda aguarda o resultado dos exames toxicológico, anatomopatológico e subungueal — que analisa materiais encontrados sob as unhas, como detritos, pele e sangue que podem indicar sinais de luta corporal. Não há prazo para que os laudos dos exames estejam finalizados.
Em relação às escoriações superficiais encontradas no corpo do empresário, o diretor do centro de perícias afirmou que o IML está aguardando o resultado para saber se as lesões foram feitas em vida ou após a morte.
Em 5 de junho, garis encontraram uma calça que pode ser a que Adalberto usava no dia em que foi morto. A peça foi encontrada nas imediações do autódromo e passará por perícia. Uma outra calça já havia sido encontrada em uma lixeira da região, no dia 4, mas não foi reconhecida pela família como sendo do empresário.
Empresário Adalberto e a esposa Fernanda estavam casados há 8 anos.
Reprodução/Redes sociais
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